O TEMPO

O TEMPO

QUANTO ME RESTA?

 

Já deve ter acontecido com você. Sabe aquela revista, sem capa até, que você encontra na recepção de uma clínica médica, na antessala de um salão de beleza ou mesmo numa oficina de pneus? Comigo aconteceu num hotel, na sala de tevê, um hotel barato onde sequer havia monitor nos apartamentos.

A revista era “Guideposts News – 1957”. Foleando a revista na expectativa de algo que me chamasse atenção, um artigo me prendeu.  “O tempo, quanto me resta?” 

-Em Londres durante uma excursão de conferências, meu trem chegou atrasado à estação, deixando-me apenas cinco minutos para a baldeação*. (* baldeação – mudança de um trem para outro – hoje se usa muito em aeroportos a palavra conexão). Quando corria, ofegante, para o outro trem, um cabineiro fez sinal para que eu fosse com calma e disse:

- Calma, do contrário vai ter um ataque de americanite.

- O que é isso?

Perguntei quase sem fôlego.

- Não sei lhe explicar bem o que é, mas posso lhe dizer como atua. Americanite é alguém subindo ou descendo escadas rolantes correndo, e no mesmo sentido, é alguém tomando lanche em pé ou andando pelas ruas ao invés de uma refeição, alguém lendo um jornal durante a viagem no metrô, alguém saindo às pressas quando o elevador abre as portas.

Uma descrição adequada para os dias de hoje, não acha? Acrescentando o celular, internet, ipode, GPS, Face book, Twitter, etc.

O tempo é a coisa mais preciosa que um homem pode gastar, disse o filósofo grego Teofrasto. Pior que gastar o tempo em vão é somente, deixar que o tempo nos desgaste. Sempre dizemos ou ouvimos falar; “Preciso andar depressa” ou “Tempo é dinheiro” ou “Se der tempo” ou aquela máxima “Não tenho tempo pra nada!”, sempre olhando nervosamente o relógio. O tempo, de fato é dinheiro, porém, devemos nos lembrar de que é dinheiro aplicado em renda fixa. E como se dá em qualquer investimento a maioria de nós não sabe como conviver com os resultados dele. Mais cedo ou mais tarde cada fase da vida que atravessamos correndo se transformará numa roda viva física e emocional se não nos detivermos e nos perguntarmos: Que podemos fazer a respeito? Como utilizar melhor 24 horas do meu dia?

Descobri algo importante enquanto lia essa revista. A descoberta foi básica, tão simples que nem sempre acreditamos que funciona. Lendo a revista, cheguei à conclusão que preciso primeiramente perder meu individualismo, que o meu “eu” sozinho é como um minúsculo grão de areia num oceano. Sou dependente, mesmo que pague para muitas coisas, sou dependente. Concluí também que ninguém, nem mesmo eu sou totalmente indispensável, muitas coisas que eu pensava que somente eu faço, outras pessoas fazem e com muito mais habilidade que eu. Vamos ao que eu lia:

 “... em setembro de 1954, eu estava integralmente entregue ao meu trabalho no Iowa State College no qual era professora de agricultura, quando me senti mal. Cheguei à casa quase lá pelas 22h30min., isso sempre acontecia, eu acreditava que não havia outra pessoa que fizesse as minhas atribuições no colégio e isso, ano após ano sem que eu percebesse o crescimento de meus três filhos, a mais velha de dezessete, o do meio com quinze e o caçula com doze anos, entrei, disse boa noite à governanta que nos acompanha há anos, fiz as perguntas clássicas sobre meus filhos e andando apressada, deixando coisas pelas mesas e cadeiras a cada passo que dava, ouvindo as respostas sobre as crianças; os dois já foram dormir e a Jennifer está estudando para o exame da faculdade. Eram essas as informações que eu tinha de meus filhos, essa era a rotina diária. Aos sábados, quando não tinha compromisso com o colégio podia ver meus filhos e sentir os beijos carentes do caçula, o abraço inibido do filho do meio e o olhar afastado da mais velha. Meu marido era professor de economia numa universidade fora de nossa cidade, vinha toda sexta-feira e ia todos os domingos à tarde. Numa noite de sexta-feira quando ele já havia tomado seu banho e seu prato de sopa, comentei o fato de não ter me sentido bem no colégio, ele baixou o jornal, me olhou sobre as lentes dos óculos sem pronunciar uma palavra e eu logo emendei; deve ser uma gripe ou uma forte indisposição apenas. Ele baixou a cabeça e continuou a leitura, porém eu já sentia náuseas e dores abdominais e estavam se tornando constantes. Essas dores e mal estares me fizeram render a uma consulta ao médico da família que, sem muito que falar, disse que poderia ser hepatite porém, ele iria falar com um especialista amigo seu da capital. Duas semanas se passaram e ele me aconselhou a fazer uma laparotomia exploratória sob orientação e conselho de seu amigo para que pudesse obter um diagnóstico definitivo. Submeti-me aos exames então aconselhados e obtive os resultados após algumas semanas. Um provável câncer no pâncreas assim me relatou o médico da família, com os exames num envelope fechado. O afastamento do trabalho foi imediato, passei a viver uma nuvem de incertezas, não reconhecia a minha própria casa como meu “lar doce lar”, o barulho natural de uma casa onde vivem três filhos, uma secretária, um gato, um cão e uma calopsita para mim, era totalmente estranho. A primeira semana foi como que restaurar cada caco de uma obra de arte destruída numa queda. Os amigos, os vizinhos, os colegas de trabalho começaram a visitar-me, traziam doces, frutas, palavras de carinho e ao sair levavam duas lágrimas em formação em seus olhos ao se despedir. Meu marido teve uma conversa com o médico e perguntou sobre o tempo que possivelmente eu teria e sem esconder nada me disse que seria de um ano os meus últimos dias na terra. Sem fazer planos ele começou a levar-me para excursões pelas montanhas, acampamentos e pescarias. Passou a reunir a família em nosso pequeno sítio onde tínhamos cavalo, uma vaca, patos, galinhas e um casal de pavão. Não falávamos sobre a doença, porém, eu a sentia em forma aguda de dores que só se acalmavam sob fortes doses de morfina. Três meses se passaram e meu médico falou sob a possibilidade de uma cirurgia. Fui para o hospital, quando acordei da anestesia me surpreendi com uma enfermeira que era minha amiga desde o colégio e que há muito tempo não a via. Após a conversa sobre nossos dias de juventude eu olhei em seus olhos e pedi que me falasse a verdade sobre minha saúde. Com seus olhos marejados, apertou minha mão e disse apenas:

- Eu queria nesse momento minha amiga, apenas ter uma palavra miraculosa ou mágica para lhe falar. Nos dias seguintes que fiquei internada ela não apareceu mais no meu quarto. Era dezembro, na véspera de Natal deixei o hospital. Hoje, quando faz dez meses que estou doente e escrevo sobre isso, reflito sobre meu tempo, tenho 42 anos e o maior tempo que dediquei à minha família foi nesses últimos meses aonde cada filho que chega ou quando chegam juntos dividem um pedaço da minha cama para me alegrar, apenas o caçula, não concorda que vou para “uma melhor”. Nunca mais ouvi falar sobre o colégio, sobre a minha substituição ou não. Não posso dizer que não estaria doente se tivesse calculado melhor o tempo, tempo dedicado a mim mesma, à minha família e aos meus bichinhos, mas posso dizer que se eu tivesse calculado melhor o tempo eu teria vivido mais bem junto aos que amo. Nesses últimos dias nossa casa tem recebido muitas visitas, o bule de café está quase sempre vazio precisando de um café novo. As guloseimas trazidas pelos amigos são variadas e em todas elas há o gosto de uma experiência vivida por eles e é ai que vejo o valor de uma amizade. Isso me faz pensar, não reclamar de nada, amei cada minuto desses dias onde forçadamente me vi dentro de casa, usando as cadeiras da casa, a cozinha da casa e a cama da minha própria casa. Apenas faria diferente se soubesse que viveria muito mais, guardaria mais tempo para a apreciação de meu marido, de meus filhos, da minha casa, da minha família e de mim mesma. Eu eliminaria uma porção enorme de minhas atividades exteriores para poder ser mesmo o centro da minha casa, também me tornaria mais depressa mais íntima das pessoas e iria buscar tudo que estivesse relacionado àquilo que amo. Não escrevo isso para fazer de minha história um drama, quando lerem, quem sabe, não estarei mais aqui para ver o resultado. Escrevo para encorajar a todos que levam uma vida sem tempo, encorajar para que mudem enquanto há tempo, enquanto o tempo permitir. Eu viveria os dias restantes como se fossem os meus últimos dias na terra...”.

Hazel Beck faleceu três semanas após esse relato e deixou escrito também para que o fosse divulgado numa faculdade de jornalismo e que os alunos fizessem seus artigos sobre essa história da forma que cada um quisesse. Ela viveu apenas onze meses após saber que era portadora de câncer no pâncreas.

Ao terminar a leitura coloquei-me a pensar como aproveitar melhor o tempo e como ajudar as pessoas a se organizarem no tempo, então me surgiu a idéia de criar um curso:

O TEMPO EM CINCO TEMPOS

1º - MEU TEMPO FÍSICO - A saúde Física está ligada a todos os aspectos relacionados ao nosso corpo físico. Um corpo saudável é definido como aquele cujas funções orgânicas e físicas estejam funcionando adequadamente. Por isso, é preciso trabalhar o corpo para estar em harmonia com nossa mente e, assim, entrar numa jornada rumo ao sucesso e a vitória.

2º - MEU TEMPO ESPIRITUAL E INTELECTUAL - A capacidade que o ser humano tem para aprender é infinita. Sempre há algo novo a descobrir, uma nova experiência a ser vivida. Por isso, precisamos aproveitar todas as situações – sejam elas boas ou ruins. Só aprimoramos o nosso conhecimento desafiando nossos medos e limites. A inteligência é um instrumento poderoso para quem utiliza corretamente e aplica com consciência o conhecimento.

3º - MEU TEMPO FAMILIAR - É através dela que temos os primeiros contatos com o mundo exterior. Desde pequeno, é ela quem nos prepara para enfrentar o mundo, quem nos ensina a viver. A educação dada pelos pais é o primeiro passo para a formação da consciência. Assim, mais tarde, é possível descobrir e entender com facilidade o caminho que escolhemos. Entender nossos pais ajuda a descobrir nosso perfil. Por mais diferentes que queremos ser, há aspectos que são herdados e aprendidos com eles. Nós, filhos, somos frutos daquilo que nossos pais são.

4º - MEU TEMPO SOCIAL - Temos um papel muito importante na sociedade, pois tudo o que acontece nela nos afeta direta ou indiretamente. As boas atitudes que temos no dia a dia influenciam a sociedade e se tornam exemplos de vida. Nossas boas ações despertam nas outras pessoas o desejo dessa prática, que transforma a vida de quem ajuda fazendo desse mundo um mundo melhor.

5º - MEU TEMPO PROFISSIONAL E FINANCEIRO - Ficamos satisfeitos com o nosso trabalho quando gostamos do que fazemos e procuramos nos desenvolver constantemente. Para saber se estamos trilhando o caminho certo, precisamos aprimorar nosso autoconhecimento. Só é um verdadeiro profissional quem trabalha com generosidade, dedicação e honestidade. Nossa relação com o dinheiro deve ser; ganhá-lo com planejamento e trabalho e gastá-lo com responsabilidade e generosidade. O dinheiro traz benefícios quando aplicados da maneira correta. Mas só estímulo financeiro não basta para ter uma vida completa. Devemos utilizá-lo para desenvolver cada vez mais nossas capacidades e ajudar a quem precisa.

Fone: 14 – 3624 2030 – 14 - 99 709 9528